Quanto Louis Sullivan iniciou a era dos arranha-céus, na virada do século XX, o edifício vertical - com suas vistas e elevadores - estava na vanguarda da arquitetura. Já nos anos 1950, com o espraiamento da malha urbana em subúrbios residências, os centros adensados passaram a se esvaziar. A partir dos anos 80, tanto os edifícios verticalizados dos centros quanto os subúrbios espraiados passaram a ser vistos, cada um à sua maneira, como opressores.
Começara ali o Novo Urbanismo. Divulgado vigorosamente pelo arquiteto Léon Krier, as ideias se pautam no retorno à cidade tradicional europeia, por sua vez, conjurando imagens de uma arquitetura adensada de pequena escala e ruas caminháveis. Os frutos dessas ideias são visíveis em algumas cidades neo-tradicionais como por exemplo Seaside Florida nos Estados Unidos ou Poundbury na Inglaterra.
A descrição acima é uma redução cruel e quase criminal de um século de história das cidades. O que dizer sobre o racismo que levou os Norte Americanos brancos aos subúrbios? Ou ainda sobre o crescimento populacional que criou a necessidade da verticalização e do adensamento? Colocando questões políticas e burocracias legislativas de lado, essa leitura das cidades é uma simplificação. Como resultado, essa versão do urbanismo do século XX, porém, é mais facilmente compreendida do que a dura e complexa leitura das cidades. De muitas formas, isso também acontece com os desenhos de Léon Krier.
Representações simples em preto e branco que tratam de um volume denso de história urbana e teoria da arquitetura de forma leve e compreensível. Normalmente os desenhos de Krier aparecem em seus livros, colocando visualmente o que as palavras as vezes falham em apontar. Como coloca James Howard Kunstler, seus desenhos são 'particularmente minuciosos e eloqüentes sobre a disciplina da tipologia'. Kunstler aponta que os desenhos categorizam o conhecimento de arquitetura, ajudando a simplificar as coisas e colocando lucidamente no papel as dicotomias e reflexões que habitam muitas das mentes (e cadernos) arquitetônicas.
Em outros tempos, porém, estes desenhos remetiam às ameaças reducionistas das ideias do Novo Urbanismo, reduzindo a cidade a uma visão utópica. As páginas parecem gritar "Arranha-céus não são humanos! O zoneamento é absurdo! Os Starquitetos só se preocupam com fama!".
Se os desenhos de Krier são difíceis de generalizar, é por que os arquitetos também são. Ele está convencido de que as cidades podem ser caminháveis - uma ideia que poderíamos classificar como progressista - mas seus desenvolvimentos do Novo Urbanismo foram frequentemente criticados como excludentes. Cayala, uma comunidade periférica projetada por Krier na Guatemala se auto-proclama um espaço onde os 'ricos podem escapar do crime'. Talvez mais notoriamente, Krier defendeu continuamente o trabalho do arquiteto nazista Albert Speer.
Para avaliar os desenhos de Léon Krier e tirar suas próprias conclusões, veja a seleção abaixo. Todas as imagens foram tiradas do Drawing for Architecture Anthology, cedido pela The MIT Press.